domingo, 6 de janeiro de 2008

Pequenos prazeres


Hoje me surpreendi mais uma vez tirando o fundinho das laranjas. Sabe aquela parte em que ficavam os cabinhos antes delas serem arrancadas? Sempre fica um pedacinho e eu adoro arrancá-los. Peguei-me pensando nisso enquanto o último pedaço de pão descia no meu esôfago no café da tarde.


Percebi que a vida, mesmo quando parece insignificante e triste está repleta desses pequenos prazeres que insistimos em realizar mesmo sem perceber.

Um dos filmes que mais adorei na vida fala muito disso. Quando assisti Amelie Poulain pela primeira vez, de cara adorei. Fala muito disso.


Tentei me lembrar de alguns prazeres a que me dou o deleite, vez em quando. Vivo apertando a unha contra a carne no canto do dedão (faço isso desde criança), estralo os punhos e os dedos médios como se quisesse colocá-los no lugar.


Adoro pisar em folhas secas e rabiscar enquanto falo ao telefone. Procurar as pontas duplas no meu cabelo e depois abri-las até o fim, espremer cravos, alisar as bordas do cobertor e cheirá-lo até pegar no sono (também faço isso desde que me conheço por gente), afundar o pé na minha gaveta de blusas de lã (como estou fazendo agora).


Enfim uma série de coisas pequenas que fazem parte do meu dia, e que mesmo sem querer acabam deixando-o bem mais agradável.

Num dia como hoje, quando a ansiedade e a impaciência não me permitem vislumbrar uma vida melhor com grandes acontecimentos, capazes de mudar de vez o meu destino, resolvo me agarrar a esses pequenos prazeres e deixar que eles melhorem o meu dia.

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